“Aceita PIX?” Quantas vezes você já ouviu essa frase nos últimos tempos? Ao completar três anos de existência, o meio de pagamentos instantâneos emerge como uma peça fundamental para o dia a dia dos brasileiros. Dá para dizer que o método não só mudou a agilidade das transações, mas também transformou a maneira com que a população interage com o sistema financeiro.
Prova disso são os números. Segundo o Banco Central, o processo de digitalização econômica impactou diretamente na bancarização do país.
Enquanto, em 2017, apenas 57% da população possuía uma conta corrente, em 2022 esse número saltou para 82%, incluindo cerca de 190 milhões de brasileiros no ecossistema bancário. No mesmo ano, o volume de transações PIX superou a soma de todas as transações feitas por cartão de débito, boleto, cheque, TED e DOC.
Acumulando novos recordes mês a mês, o método de pagamentos instantâneos agora se prepara para uma nova etapa. Se aproximando de 2024, o PIX pretende dar continuidade e lançar novos recursos que possibilitarão um uso ainda mais ágil, prático e acessível do sistema.
Para falar sobre essas atualizações, preparamos um compilado com os principais avanços e trouxemos também um panorama de como a evolução do PIX seguirá impactando nas áreas de prevenção à fraude. Vem conferir!
O sucesso dos pagamentos instantâneos nos últimos anos
Parece até uma realidade distante, mas há cinco anos, 77% das transações ainda eram realizadas com dinheiro em espécie, um recurso cada vez mais raro hoje em dia. Pagamentos via cartão de crédito e débito, e o bom e velho boleto bancário, competiam entre os métodos mais utilizados. Com a chegada do PIX em novembro de 2020, esse cenário mudou e mais rápido do que o mercado financeiro poderia esperar.
O projeto de desenvolvimento de um sistema para pagamentos instantâneos já estava em andamento desde 2018, quando o Banco Central publicou os primeiros parâmetros técnicos do PIX.
O regulador já contava até com uma infraestrutura capaz de liquidar as operações em tempo real, o Sistema de Transferência de Reservas (STR). Mas para lidar com as mudanças e com o alto volume esperado para a novidade, era preciso evoluir.
Para oferecer um serviço 24h, durante sete dias da semana, a infraestrutura teria que ser capaz de operar de forma ininterrupta, sem intervalos para manutenção. Outro aspecto importante era a segurança. Todo processo teria que ocorrer em uma rede privada, com criptografia e assinatura digital das transações.
É claro que como qualquer projeto em implementação, o PIX passou por diversos ajustes e avanços para garantir a proteção do usuário e do sistema financeiro.
Em setembro de 2021 foi divulgado o bloqueio cautelar que permite às instituições financeiras analisarem uma transação por até 72h. Em outubro do mesmo ano, o Bacen também estabeleceu o limite de valor para transações noturnas.
No mês seguinte, foi criado o MED – Mecanismo Especial de Devolução. Depois disso, várias outras mudanças ocorreram, culminando agora na Resolução Conjunta nº6, normativa que prevê o compartilhamento de dados sobre indícios de fraude nas instituições.
Todos esses passos foram cuidadosamente tomados para que hoje o PIX seja um sucesso e visto internacionalmente como referência. O sistema de pagamentos instantâneos já acumula mais de 155 milhões de usuários, 674 milhões de chaves cadastradas e um volume diário de transações que ultrapassa R$76 milhões.
De 16 de novembro de 2020, data em que o PIX foi oficialmente introduzido, até 31 de outubro de 2023, último registro oficial do Banco Central, o método gerou mais de 66,5 bilhões de transações, movimentando cerca de R$29 trilhões.
O que esperar do PIX em 2024
Este ano foi marcado por diversas notícias relacionadas ao PIX. Muitas delas, anunciando novos projetos e recursos para os pagamentos instantâneos.
Além da Resolução nº6 do Bacen, que marcou o segundo semestre e ainda está em processo de adesão pelas instituições financeiras, 2023 também trouxe novas medidas de segurança para acirrar o combate à fraude não só no PIX, mas em todo sistema financeiro.
No primeiro semestre, por exemplo, foi divulgada a atualização da Instrução Normativa nº291 (agora nº373), determinando a autoavaliação de segurança no processo de adesão ao PIX.
Em seguida, a BCB nº338 estabeleceu o compartilhamento de dados com autoridades públicas como a polícia e o Ministério Público, permitindo a investigação de casos de fraude no PIX. No mês seguinte, a normativa nº342, reforçou as penalidades atribuídas às instituições financeiras em casos de vazamento de dados.
Mas os mecanismos de supervisão e segurança não foram os únicos assuntos que se destacaram no universo dos pagamentos instantâneos. Muitos projetos de atualização do PIX também foram anunciados e deverão se estender ao longo do próximo ano.
Aqui falamos um pouco sobre cada um deles e o que podemos esperar para 2024.
PIX Parcelado
Quando falamos sobre bancarização, inevitavelmente também falamos sobre o acesso ao crédito, algo que apenas 40% da população brasileira dispõe, segundo o Global Payments Report. E com a inclusão financeira trazida pelo PIX, essa passou a ser mais uma das vantagens que o pagamento instantâneo oferece.
Diferentemente do modelo tradicional de parcelamentos, que envolve o acesso ao crédito, intermediação das operadoras de cartão e seus custos associados, o PIX Parcelado oferece uma abordagem prática e eficiente para indivíduos que não dispõem do valor em conta.
Com essa modalidade, os usuários podem dividir o valor de uma compra em parcelas, mantendo a simplicidade e agilidade características do PIX.
Apesar de ainda não ser regulamentado pelo Banco Central, diversas instituições de pagamento já disponibilizam essa opção para os seus clientes.
Também chamado de “PIX Garantido”, a funcionalidade permite que o usuário parcele a transação em até 24 vezes, com juros que variam de 2,09% e 3,99%. Quem recebe o valor, tem acesso ao total da transferência imediatamente. É como se fosse realizado um empréstimo com o banco.
Ainda sem data confirmada, o lançamento oficial do PIX Parcelado deve acontecer durante o segundo trimestre de 2024. Por enquanto, tanto a mecânica de parcelamento, quanto as determinações técnicas desse recurso estão sob total responsabilidade das instituições.
PIX Automático
Em junho, o Banco Central anunciou um avanço significativo para os pagamentos instantâneos no país: a introdução do PIX Automático, uma modalidade destinada à cobrança de pagamentos recorrentes.
Sua função é similar ao que temos hoje em um pagamento via débito automático ou cartão de crédito, mas traz muito mais acessibilidade tanto para os usuários, quanto para as empresas e instituições financeiras.
Ao contrário do débito automático tradicional, que requer acordos bilaterais complexos entre diversas instituições, o PIX Automático promete simplificar e agilizar o processo, tornando-o disponível para um conjunto mais amplo de serviços, desde academias e clubes de assinatura até plataformas de streaming e escolas.
Essa modalidade permitirá que qualquer empresa que ofereça serviços periódicos aproveite a praticidade do PIX para facilitar os pagamentos recorrentes. Além disso, os usuários poderão adotar essa opção sem custos adicionais.
O funcionamento do PIX Automático se dará por meio de duas abordagens principais.
Na primeira, o usuário assina um contrato com o prestador de serviços, fornece suas informações bancárias e autoriza a cobrança por aplicativo. Na segunda, o processo ocorre de maneira mais ágil, utilizando QR Code ou a funcionalidade de PIX Copia e Cola.
Inicialmente, a função seria apresentada em abril de 2024, mas a complexidade tecnológica envolvida no desenvolvimento do serviço levou o Banco Central a adiar o lançamento para outubro. Os testes homologatórios estão programados para ocorrer entre agosto e setembro de 2024, conforme o cronograma compartilhado pelo Bacen.
PIX Offline
Apesar de todas as facilidades que envolvem o uso do PIX, o sistema ainda demanda o acesso à internet para concluir as transações. O que esse projeto busca é justamente trazer mais acessibilidade para que os pagamentos instantâneos possam ser feitos em qualquer situação e em qualquer lugar, sem depender de uma conexão.
A ideia foi mencionada pela primeira vez em junho de 2021, mas ainda não saiu completamente do papel.
O banco Itaú foi um dos primeiros a testar a possibilidade utilizando NFC (near field communication), sistema presente na maioria dos smartphones que permite o pagamento por aproximação. O projeto foi apresentado durante o Lift Lab, o laboratório de inovação do Banco Central.
Em setembro de 2023, o Bacen abordou novamente o assunto no Relatório de Gestão do PIX, destacando que uma das direções possíveis para o método envolve o uso de outras formas de iniciação que permitam transações mesmo quando o pagador não está conectado.
Entre as possíveis abordagens, o relatório menciona a utilização de tecnologias como NFC, RFID (Radio Frequency Identification), bluetooth e biometria para realizar as transações PIX sem acesso à internet.
Segundo o regulador, além de aumentar o alcance dos pagamentos instantâneos em regiões mais remotas do país, esse desenvolvimento também poderia beneficiar casos específicos de uso, como pagamentos de pedágios em rodovias, estacionamentos e transporte público.
Open Finance
Seguindo a agenda de digitalização econômica potencializada pelo PIX, em fevereiro de 2021 começou oficialmente a aplicação do Open Finance. Chamado antes de Open Banking, o projeto está em andamento desde 2018 e esse ano entrou em sua quarta fase de implementação.
A iniciativa, cujo principal objetivo é promover a interoperabilidade e o compartilhamento de dados financeiros entre diferentes instituições, traz para os usuários mais controle sobre suas próprias informações financeiras e promove o acesso às novas facilidades, como o ITP – Iniciador de Transação de Pagamento.
Nas palavras de Otávio Damaso, diretor de regulação do Bacen, “Se antes a informação era restrita a uma instituição financeira, agora damos a oportunidade da informação ser do cliente, que pode transacionar seus dados como quiser entre as instituições.”
O uso do ITP tem sido visto, inclusive, como o principal caminho para a expansão do Open Finance. O mecanismo permite que o recurso do usuário seja transferido para a conta do recebedor sem que a transação saia do ambiente original da operação.
Ou seja, a funcionalidade permite que o indivíduo conclua a transferência em um único lugar, reduzindo as etapas de autenticação entre diferentes aplicativos. Para efetuar uma compra com o iniciador não é preciso utilizar o PIX Copia e Cola, por exemplo.
Até o momento, o PIX é o único método operável dentro do ITP, o que justifica o crescimento tanto dos meios de pagamento instantâneos, quanto do sistema Open Finance em si.
De julho de 2022 a julho de 2023, o número de transações por iniciação de pagamento via PIX passou de 57,4 mil para 196,1 mil. Em valores, foram transacionados mais de R$400 milhões só entre janeiro e setembro deste ano, quantia três vezes maior do que tudo que foi transacionado em 2022.
Para 2024, é esperado que o uso do Open Finance ganhe ainda mais tração, visto que o Banco Central tem uma lista de espera com outras 28 instituições aguardando a liberação para disponibilizar o ITP aos seus clientes.
Por enquanto, a funcionalidade continuará operando exclusivamente com o PIX, mas o objetivo do Bacen é integrar também pagamentos via TED, boleto, débito em conta e cartões.
Superapp dos Bancos
Falando em Open Finance e interoperabilidade, outro assunto que estará em foco em 2024 é a criação do chamado “superapp dos bancos”. O assunto surgiu diversas vezes ao longo do ano e seria a fase de conclusão da agenda de evolução tecnológica proposta pelo Bacen.
A ideia é que o aplicativo seja um agregador das instituições, permitindo que os usuários tenham todas as informações e serviços financeiros em um único canal. A iniciativa anda ao lado do Open Finance porque depende do compartilhamento dos dados para oferecer essa visão geral sobre a vida financeira de cada cliente.
Entre as funcionalidades, estaria também a consulta e comparação de taxas de juros oferecidas pelos bancos e instituições de crédito, possibilitando que o usuário estude a melhor opção e realize a contratação no próprio aplicativo.
Na live de retrospectiva feita pelo Bacen, o regulador deixou claro que a tecnologia deverá ser desenvolvida pelo mercado e que, provavelmente, o usuário encontrará opções “concorrentes que tentarão consolidar sua vida financeira em um só lugar”.
O projeto chega em um momento em que as próprias instituições estão investindo mais em tecnologia e trabalho colaborativo. De acordo com a Febraban – Federação Brasileira de Bancos, o gasto com tecnologia no setor financeiro deve ser 29% maior esse ano e 128% mais alto em comparação com 2018.
Internacionalização do PIX
A expansão internacional dos sistemas de pagamento instantâneos é algo observado antes mesmo do lançamento do PIX. O próprio método brasileiro foi inspirado em um modelo semelhante que já havia sido implantado na Suécia.
Fato é que, desde que o nosso sistema se tornou o segundo mais utilizado no mundo, o PIX tem se apresentado como uma referência para os demais países. Os Estados Unidos e a Colômbia, por exemplo, são alguns dos lugares em que as transferências imediatas estão chegando só agora.
Enquanto os sistemas seguem em desenvolvimento, brasileiros que residem ou visitam esses países já podem utilizar o PIX como um recurso para as transações. Na Argentina, outro local em que o PIX é aceito, o processo foi impulsionado pelo próprio comércio, ao atender as demandas dos turistas locais.
Para o Banco Central, a ideia é que esse processo continue acontecendo em outras regiões e que o PIX seja consolidado como um dos principais meios de pagamento instantâneos do mundo.
Outro projeto que deverá avançar em 2024 é a criação do Nexus, ou como chamamos por aqui, o PIX Internacional. A iniciativa pretende unificar os sistemas de todos os países para que as transações imediatas sejam possíveis em qualquer lugar. A plataforma deverá integrar os mecanismos de cada país, promovendo uma comunicação ágil e transparente.
Resumidamente, o Bacen “plugaria” o PIX dentro do ambiente Nexus para promover essa conexão com outros sistemas, como o FedNow dos Estados Unidos, por exemplo.
O modus operandi dos fraudadores no PIX
Não são só os pagamentos instantâneos que seguem se atualizando, o comportamento dos fraudadores também se adapta a partir das facilidades que o PIX oferece aos seus usuários.
Desde que o sistema foi lançado, é perceptível o avanço das abordagens geradas a partir de engenharia social e o aumento do uso da tecnologia como um recurso capaz de expor as vulnerabilidades dos sistemas e dos indivíduos.
Só este ano, acompanhamos novos vazamentos de dados, o surgimento de malwares e técnicas de acesso remoto às contas bancárias e, até mais recentemente, o uso do PIX Copia e Cola e do QR Code para a ação criminosa.
Para 2024, não podemos esperar apenas novidades do PIX. O modus operandi dos fraudadores certamente também acompanhará a evolução do pagamento instantâneo, trazendo novas preocupações para as instituições financeiras e para os usuários.
O uso de deep fakes e inteligência artificial, por exemplo, são apontados como as principais ameaças para os próximos anos.
Mais do que nunca, a análise dos dados e a avaliação comportamental dos usuários vai ser determinante para identificar o risco e mitigar as fraudes transacionais. Como fazer isso? Com o sistema antifraude ideal para pagamentos instantâneos.
Combatendo as fraudes PIX com soluções especializadas
Para acompanhar os avanços do PIX e do modus operandi dos fraudadores, é preciso recorrer a um sistema antifraude especializado, com recursos próprios para lidar com as particularidades dos pagamentos instantâneos. O DeLorean Antifraude PIX foi desenvolvido especificamente para essas demandas.
Nossa plataforma está preparada para receber o alto volume transacional do PIX, processando os dados em poucos milissegundos.
Tenha à disposição da sua instituição recursos como o score de chave PIX, que determina a probabilidade de fraude atrelada à cada chave; criação de safe zones que enriquecem o modelo com informações sobre a localização do usuário; simulação de regras em backtest permitindo definir seu apetite de risco com segurança; e detecção de contas laranja, que é atualmente um dos principais agravantes das fraudes PIX.
Conheça mais sobre o Delorean Antifraude PIX e saiba como preparar sua operação para o próximo ano.
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