Dando continuidade à agenda evolutiva prevista para o método instantâneo, o Banco Central anunciou uma série de medidas para aumentar o alcance do PIX em 2024, sendo uma delas o PIX Parcelado, iniciativa que já está disponível em algumas instituições.
Com a movimentação antecipada do mercado e a popularização da modalidade parcelada, surgem novos questionamentos sobre quais serão os impactos dessa alternativa nos métodos de pagamento convencionais, principalmente nos cartões de crédito. Outra preocupação é sobre como o setor de prevenção de riscos precisará se ajustar para lidar com as novas táticas de fraude que surgirão a partir dessa mudança.
Neste post, te explicaremos em detalhes o que é o PIX Parcelado, quais são os seus diferenciais, como funciona essa modalidade de pagamento e como deve ser a análise antifraude nesse cenário. Confira!
O que é e como funciona o PIX Parcelado?
O PIX nasceu como modalidade de pagamentos no final de 2020, em meio ao momento mais conturbado da pandemia de COVID-19. Seu principal foco era aumentar as transações financeiras no Brasil e contribuir para todo o processo de digitalização econômica que já vinha sendo explorado nos últimos anos.
Desde então, o aumento no volume de operações dessa modalidade foi escalável. Em seu ano de lançamento, o Banco Central registrou R$180 milhões em transações instantâneas; depois disso, em 2021, R$9,43 bilhões; em 2022, R$24,05 bilhões e, por fim, R$41,87 bilhões em 2023.
O PIX é considerado pelo Bacen a principal forma de pagamento brasileira desde 2022, mudando o comportamento dos usuários do sistema financeiro e impactando diretamente na adesão aos métodos tradicionais.
Segundo dados da Febraban, o sistema tem contribuído para a queda lenta e gradual no uso do dinheiro em espécie, passando de R$342 bilhões em 2022 para R$341 bilhões em 2023.
A modalidade também foi uma das principais responsáveis pelo encerramento do DOC, operação que levava um dia inteiro para ser liquidada e ainda envolvia a cobrança de taxas entre R$9,40 a R$19,60.
Com a adesão da população, agora o PIX Parcelado, ou PIX Garantido (como é especulado que será seu nome oficial) surge como desdobramento do método instantâneo para facilitar o acesso ao crédito e simplificar a vida dos usuários.
O recurso ainda não possui data de lançamento específica pelo Banco Central, que deverá trazer ao mercado padronizações e questões regulatórias sobre a segurança e processamento dos pagamentos nessa modalidade. Mas, como citado anteriormente, algumas instituições já criaram mecanismos próprios para oferecer esta funcionalidade.
Para poder ser utilizado, é preciso ter uma conta e uma linha de crédito aprovada em um banco que ofereça o PIX Parcelado, e então, quando for realizar pagamento, solicitar a opção de parcelamento.
A quantidade de parcelas pode variar conforme a operadora, assim como os juros, que ficam entre 2,09% e 3,99%. Independente de como será o envio, o recebedor da transação tem disponível o valor integral em sua conta.
O pagamento das parcelas é efetuado mês a mês, o que pode variar entre débito na conta corrente ou na fatura do cartão.
Outra grande vantagem desse formato é que intermediários entre as contas já não são mais necessários (cartões de crédito, físicos ou bandeiras), mantendo contato direto com a instituição da transação e reduzindo custos da operação.
Até o momento, dados da pesquisa “Pagamentos no Brasil 2023” mostram que 31% dos entrevistados já usaram o PIX Parcelado no lugar do cartão de crédito. Um panorama ainda tímido, mas considerável, levando em conta que a nova funcionalidade ainda não foi regulamentada pelo Banco Central e apresentada oficialmente ao mercado.
É importante destacar que o PIX Parcelado também deu vida a fintechs especializadas no serviço. Nesse caso, o funcionamento acontece um pouco diferente: não há a cobrança de juros nas transações, porém, caso o cliente esqueça de pagar uma das parcelas, há a aplicação de multa fixa, uma maneira de evitar o acúmulo de taxas, comum em cartões de crédito.
Confira: 5 recursos essenciais para à prevenção à fraude PIX para sua operação.
Qual a diferença entre o PIX Parcelado e o cartão de crédito?
Falando em cartões de crédito, esse promete ser o método mais impactado pela expansão do PIX Parcelado. Dados da empresa de pagamentos Ebanx mostram que o PIX deve atingir 40% do mercado brasileiro de pagamentos até 2026. Atualmente, ele movimenta R$985,5 bilhões, mas a previsão é de que o sistema instantâneo deva empatar com os cartões de crédito como formato mais usado principalmente em compras online.
Segundo dados da Payments and Commerce Market Intelligence, somente em 2023, o PIX foi responsável por 29% dos pagamentos de e-commerce no Brasil, enquanto o crédito dominou com 49%. A expectativa é que esses números mudem para 40% e 42%, respectivamente, nos próximos dois anos.
Com a chegada do PIX Parcelado, a tendência é que as transações nessa modalidade ganhem maior proporção nas compras online, principalmente quando comparado ao crédito.
Para as empresas que oferecem a modalidade, os benefícios são inúmeros, principalmente pela maior flexibilidade na gestão das finanças e no fluxo de caixa, além do diferencial da redução das taxas cobradas pelas operadoras de crédito.
Já no cenário de clientes, é uma opção alternativa para aqueles que não possuem crédito liberado em cartões convencionais, bancarizando esse grupo e aumentando o poder de compra com menores taxas. É válido lembrar que isso depende da instituição: algumas pedem pelo valor integral do parcelamento na conta, outras aplicam uma taxação diferenciada, já algumas solicitam a aprovação de crédito.
No crédito, o pagamento de taxas é feito apenas na anuidade do cartão (quando existente), sem a incidência de juros se a fatura é paga dentro do prazo de vencimento. Já no PIX Parcelado, é preciso estar atento aos juros mensais, aplicados em cada parcela, sinalizado no momento inicial do parcelamento.
Quais são as principais vantagens do PIX Parcelado?
A pesquisa divulgada pela editoria de economia da UOL mostra que 7 em cada 10 brasileiros escolhem pagar parcelado. Mas, quais são as razões para isso?
- 27% não possuem dinheiro suficiente para pagar à vista;
- 25% possuem o costume de parcelar quando possível;
- 25% verificam se há a incidência de juros no parcelamento;
- 24% afirmam que podem efetuar mais compras nessa modalidade;
- 23% acham melhor pagar valores diluídos ao longo do tempo.
Além de ser parte da cultura brasileira, a pesquisa também mostra a questão de necessidade, visto que 3 entre 4 pessoas já buscaram crédito em algum momento de sua vida por meio de:
- 53% via cartão de crédito;
- 48% empréstimo pessoal;
- 21% crédito consignado;
- 13% cheque especial.
Uma pesquisa divulgada pela Exame revela que 91% dos brasileiros já sofreram com crédito negado, sendo 43% por score de crédito baixo, 42% por restrições no nome, 11% por não conseguirem comprovar renda, 4% pela falta de carteira assinada e por fim, 1% por não possuírem conta em banco.
Além disso, dados da CNC, Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, apontam que 37% das pessoas afirmam que o acesso ao crédito está mais difícil, o que, segundo a confederação, é devido à taxa básica de juros.
Diante desse cenário, a chegada do PIX, somada a todo movimento de digitalização econômica desencadeada pelos novos bancos e fintechs, resultou em mudanças significativas para o panorama econômico: segundo o Banco Central foram cerca de 71,5 milhões de pessoas incluídas no sistema financeiro entre o período entre 2021 e 2022.
O estudo do Centro de Pesquisas Econômicas e Empresariais do Reino Unido, encomendado pelo Principal Financial Group, mostra o avanço de 14 posições do Brasil no ranking de inclusão financeira mundial entre 2022 e 2023, impulsionado principalmente por serviços digitais como o PIX.
A modalidade ganhou o gosto da população, principalmente para as classes C, D e E, que sofriam com os custos de transferências de DOC, TED e taxas de maquininhas.
O PIX Parcelado surge como um método mais simplificado de bancarização para a parcela de pessoas que têm dificuldades na aprovação de crédito nos bancos tradicionais. O recurso não está condicionado a um limite mensal de gastos, aproximando-o de uma linha de crédito ou empréstimo pessoal. Além disso, ele também tem outras vantagens para o ecossistema financeiro:
Agilidade na compensação dos pagamentos
O PIX Parcelado conta com a mesma velocidade de um PIX tradicional, o que muda é a forma de cobrança e o parcelamento para o solicitante. Para quem está recebendo o valor, a compensação do pagamento é efetivada em segundos.
Garantia de recebimento do valor parcelado
Independente de quantas parcelas foram efetuadas, o valor cairá integralmente na conta do recebedor – a mesma premissa do cartão de crédito.
Flexibilidade de parcelamento e taxas reduzidas
O usuário pode escolher a quantidade de parcelas, já prevendo a quantidade de taxas aplicadas e o valor total daquela transação.
Segurança antifraude no PIX Parcelado
Até 2021, o meio de pagamento mais utilizado pelos brasileiros era o cartão, tanto de débito quanto de crédito. O PIX teve sua grande virada pouco tempo após seu lançamento, quando conquistou boa parcela de usuários pela sua facilidade e agilidade nas transações.
Da mesma forma, as modalidades de fraude também foram se adaptando do cartão de crédito para o PIX. Anteriormente, o foco era na clonagem dos cartões, usando este método tanto de forma online quanto física. Nesse caso, o cliente não reconhecia a compra, então a instituição financeira devolvia o valor e quem ficava com o prejuízo era o próprio lojista.
Com a chegada do PIX, o comportamento do fraudador também mudou e se adaptou ao cenário muito mais ágil e mobile que convivemos hoje. Esse desenvolvimento resultou nas fraudes do PIX que envolvem a engenharia social e na expansão dos esquemas de contas laranja que se beneficiaram na velocidade e falta de rastreabilidade das transações instantâneas.
No caso do PIX Parcelado, uma das principais ações que sinalizam indícios de fraudes são comportamentos muito diferentes do histórico do cliente. Por exemplo: o indivíduo nunca realizou nenhuma compra parcelada, e de repente, aciona todo o limite disponível nesta modalidade.
“Os valores fraudados serão mais elevados por conta da possibilidade de parcelamento. Essa será uma vantagem para tirar mais dinheiro da vítima. Além disso, o receptor receberá o dinheiro integralmente e na velocidade do PIX, outro ponto positivo para os golpistas”, explica Beatriz Lima, CDO da Data Rudder.
Plataformas como o DeLorean Antifraude PIX combatem o risco de golpes no PIX Parcelado aplicando regras parametrizáveis e modelo personalizado, o que auxilia na seleção de casos suspeitos e na reprovação de situações mais críticas. Além disso, os comportamentos atípicos registrados também auxiliam na identificação de contas laranja.
O que esperar para os próximos meses?
Os próximos passos para o lançamento oficial do PIX Parcelado incluem a publicação do conjunto de manuais técnicos com os requisitos mínimos sobre a jornada do usuário.O documento também contará com todas as etapas de desenvolvimento dos sistemas e seus testes homologatórios.
Para continuar acompanhando as novidades sobre essa e outras evoluções do PIX, siga as redes sociais da Data Rudder e a newsletter “Aceita PIX”.
Saiba mais sobre o DeLorean Antifraude PIX e sobre como a plataforma pode auxiliar a sua instituição financeira na proteção contra riscos transacionais relacionados ao PIX Parcelado. Agende uma demonstração com o nosso time comercial.